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#AGENTEMUDANDOOMUNDO

Rodrigo Tavares é o Gerente de Meio Ambiente do Salvador Bahia Airport, da VINCI Airports. Com mais de dez anos de experiência na área ambiental, atuou em Indústrias de Bebidas e Automobilística pela AmBev e pela Renault, desenvolvendo e implementando Sistemas de Gestão Ambiental baseados nos conceitos da Economia Circular.

Focado no desenvolvimento sustentável, processos mais produtivos, redução de custos e “team building“, liderou o Projeto da primeira Indústria Automobilística brasileira a se tornar Aterro Zero. Ainda, instalou, no Salvador Bahia Airport, a primeira Estação de Tratamento de Efluentes em aeroportos brasileiros que trata e reutiliza 100% dos seus efluentes.

Graduado em Engenharia Ambiental, possui também Master of Business Administration em Gestão Empresarial e em Sistemas de Gestão Ambiental. Rodrigo é também o idealizador do movimento #AGENTEMUDANDOOMUNDO e concedeu uma entrevista exclusiva ao NRGHUB e compartilha suas experiências sobre sustentabilidade e de que forma “a gente” pode fazer o nosso mundo um lugar melhor.

 

No que as empresas mais pecam no que tange a sustentabilidade como um todo?

No que tange sustentabilidade, acho que algumas empresas pecam em olhar para o tema apenas com a perspectiva de atendimento a obrigações legais. Enquanto, na verdade, sustentabilidade pode ser considerada uma “business unit” ou unidade de negócio para qualquer empresa, podendo trazer inúmeros benefícios como aumento de produtividade e eficiência, impacto positivo em receitas, redução de despesas, aumento do valor da imagem da empresa, benefícios a comunidades e stakeholders, entre outros, e, naturalmente, ainda atender às obrigações legais.

 

As empresas e as pessoas em geral sabem o que é sustentabilidade?

O tema sustentabilidade é bastante comum hoje em dia e muitas empresas o adotam. As empresas nas quais trabalhei sempre tiveram políticas ambientais bastante fortes e o tema sustentabilidade como prioridades. Mas acredito que há bastante oportunidade para expandir o conhecimento das pessoas sobre a abrangência e a importância da Sustentabilidade nas empresas.

A área de Meio Ambiente é responsável por diversos temas, que vai desde o licenciamento ambiental e gestão de requisitos legais até gerenciamento de resíduos, tratamento de água e efluentes, monitoramento ambiental, gestão do consumo de água e energia, gerenciamento de emissões atmosféricas e pegada de carbono, entre outros.

Por isso é muito importante o desenvolvimento de um Sistema de Gestão Ambiental abrangendo todos os processos ambientais existentes.

 

As empresas sabem reciclar? Que atitude poderiam tomar para ajudá-las no dia a dia?

A reciclagem é na verdade apenas uma das etapas de um processo que chamamos de gerenciamento de resíduos. O primeiro passo para iniciar esse trabalho é fazer um inventário de resíduos, identificando que tipos de resíduos e que quantidades são gerados em cada área da empresa. A partir dessas informações nós conseguimos definir os tipos e quantidades de lixeiras que devem ser instaladas, o fluxo operacional (coletas internas, transportes internos, acondicionamento), a estrutura da central de resíduos, necessidade de segregação mais fina e destinação final para cada tipo de resíduo. É muito importante que os colaboradores sejam treinados e conscientizados, para que todos estejam integrados no sistema.

Outra importante atitude é a definição de metas, responsáveis e prazos para aumento do índice de reciclagem. Além da questão ambiental, esse processo também gera impactos financeiros à empresa, pois todo esse fluxo operacional gera despesas e/ou receitas. Sendo assim, ainda mais importante que reciclar é evitar a geração dos resíduos, tornando o processo produtivo mais eficiente, mais barato e com menos impactos ambientais. Já para os resíduos gerados, é importante que deixemos de olhar para eles como “lixo” e passemos a olhar como matéria prima para outros processos produtivos, conforme os conceitos da economia circular.

 

O que vai para a reciclagem, realmente é reciclável?

Na verdade, quando falamos em reciclagem é importante entendermos que qualquer tipo de material pode ser reciclável, desde que exista um processo produtivo pra isso e acessibilidade para os geradores dos resíduos, sejam municípios, empresas ou as pessoas comuns. Ta, mas como assim? O que quero dizer é que a reciclagem, além da sua importância ambiental, é também um negócio, e para que ela exista, precisa ser viável. e como viabilizar isso? Assim como qualquer outro negócio, é necessário haver demanda, processos, logística e tecnologia.

Deixa eu dar um exemplo pra tentar esclarecer: as latas de alumínio tem um mercado de reciclagem mais comum e mais desenvolvido porque sua geração é muito comum e em grande quantidade (há demanda), sua separação é fácil (processos simples), pode ser facilmente compactado (facilidade logística) e existe tecnologia disponível e de fácil acesso para sua reciclagem. Para os pacotes de salgadinho (BOPP) e para o isopor (PEX) funciona da mesma forma!! Porém, achamos que não são recicláveis porque não é tão comum encontrar essas indústrias de reciclagem quanto é para latas de alumínio e papelão, por exemplo. A boa notícia é que as indústrias fabricantes devem oferecer logística reversa para o que produzem e, também, encontrar soluções para os seus produtos em fim de ciclo de vida.

Aproveito, também, para destacar a grandeza do papel dos “catadores de resíduos” na reciclagem. Hoje, eles são agentes importantíssimos nos índices da reciclagem urbana. Além disso, há excelentes iniciativas que visam formalizar a profissão “catador de resíduos” e formá-los como empreendedores em Associações regularizadas. Um exemplo super interessante disso é o Projeto Eco Cidadão, da Prefeitura de Curitiba.

Dessa forma, para que a reciclagem realmente aconteça, cada um de nós deve fazer a sua parte, de acordo com a sua autonomia e papel na sociedade, seja o Governo, os empreendedores, os profissionais da área e os cidadãos!

 

Fale sobre a sua iniciativa de ajudar as pessoas a serem mais sustentáveis!!!

Todos os anos eu defino metas pessoais para mim em diversos pilares: financeiro, saúde, profissional, família, viagens, aprender algo novo, etc. Nesse ano, eu decidi que queria fazer algo diferente, voltado a sustentabilidade e que ajudasse as pessoas.

Então, decidi que essa seria uma nova meta pra 2019, porém eu não fazia a menor ideia do que e nem de como fazer.  Então, há alguns meses atrás, conversando com a Fernanda Gazal, minha consultora de Imagem e Estratégia da “The Evolve Company”, ela me sugeriu “por que você não tenta ser um sustainable influencer ou um influenciador de sustentabilidade?”.

De imediato eu respondi “um o que?”, e aí começamos a discutir a ideia e a plantar a sementinha desse novo projeto que se tornou o “A gente mudando o mundo”.

O objetivo do “A gente” é trazer informações e dicas sobre sustentabilidade para pessoas comuns, como nós, de uma forma descomplicada e descontraída, motivando as pessoas a serem agentes de mudança no mundo. Dessa forma, procuro elaborar conteúdos com temas úteis e atuais de sustentabilidade, com o intuito de conscientizar as pessoas e propor ações simples que cada um de nós pode fazer e que gera um super impacto positivo pro nosso planeta!

 

#agentemudandoomundo