O aumento da demanda energética pelo crescimento do setor agropecuário brasileiro estimula a geração de energia a partir de dejetos de animais
Não é mais novidade quando falamos que o Brasil terá, num futuro próximo, uma posição estratégica no mercado global, como um dos principais (senão, o principal) fornecedor de alimentos do mundo. Apenas para ilustrar, atualmente, o Brasil já é o maior exportador mundial de soja e frangos de corte.
As metas de crescimento produtivo do setor agropecuário tendem a promover (de forma não intencional) o aumento exponencial da geração de resíduos oriundos principalmente, de dejetos de animais e carcaças, o que consequentemente, acarreta o aumento da emissão de gases de efeito estufa, além de outros problemas ambientais como contaminação de água e solo. Além disso, ocorre o aumento da demanda energética, pois sem energia não há produção e assim, não é possível impulsionar este crescimento produtivo!
Para que esse crescimento produtivo ocorra de forma sustentável é necessário investimentos em tecnologias mais modernas, em soluções que garantam a segurança energética e alimentar, além do bem-estar animal. Assim, a bioenergia vem ganhando destaque no agronegócio, não apenas como solução para suprimento energético, mas também, e principalmente como uma solução ambientalmente sustentável.
O investimento em energias renováveis se torna cada vez mais promissor e relevante para o desenvolvimento sustentável do agronegócio. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2027, a parcela renovável (excluindo a fonte hídrica) da matriz energética atingirá 48% ao final do período entre 2018-2027, ao passo que 86% da oferta de energia elétrica será oriunda de fontes renováveis. Dentro destes 48%, estima-se que 22% sejam oriundos da bioenergia, principalmente da cana-de-açúcar e biodiesel.
Dentro desse cenário, o próprio PDE 2027 incluiu o biogás, biometano e bioquerosene como insumos provenientes do aproveitamento energético da biomassa, seja ela vegetal ou de dejetos de animais. Sabe-se que o maior potencial de geração de bioenergia ainda vem do setor sucroalcooleiro. No entanto, ao analisar o desenvolvimento econômico do ponto de vista local, a bioenergia no setor agropecuário vem ocupando um posicionamento promissor, podendo ser considerada a fonte que trará maior segurança energética e aumento da produtividade para o produtor rural.
Assim, a bioenergia nas suas diferentes formas, seja em forma de biocombustíveis como o biogás ou o biometano, seja na forma de energia elétrica (bioeletricidade) é uma estratégica econômica para o desenvolvimento sustentável do agronegócio de forma local. E ainda que a cadeia produtiva bioenergética no agronegócio seja bastante incipiente, tem-se aqui uma grande oportunidade de geração de mais empregos, renda e melhoria da qualidade de vida.
Por Renata Abreu