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Edifícios autossuficientes estão em crescimento no Brasil

Alto desempenho energético aliado a novas tecnologias de geração permitem alcançar a autossuficiência em edifícios novos e existentes

 

 

De uma lista de 167 nações, o Brasil é o quarto país do mundo com mais edifícios sustentáveis, os chamados green buildings, que possuem Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), segundo informações da GBC Brasil.

A Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pelo USGBC (US Green Building Council) organização não governamental com sede nos Estados Unidos, premia edifícios com alto desempenho ambiental, de acordo com critérios e níveis preestabelecidos, sendo o Platinum o mais eficiente. Como tendência, observa-se que o número de certificações LEED nos últimos 5 anos na Região Sul cresceu duas vezes mais rápido do que no restante do país, 79.6% contra 41,4%, mostrando sua pujança e demonstrando que é possível buscar inovação e qualidade, independente da crise.

A energia solar é a fonte renovável mais utilizada. “O uso de energias renováveis na construção civil iniciou-se com a utilização de sistemas de aquecimento de água, já encontrados até em casas de baixo custo. Nos últimos 2 anos, o sistema de geração fotovoltaica tem se expandido exponencialmente, cada vez mais viáveis pelos altos custos de energia, queda dos custos dos painéis geradores, subsídios e créditos “verdes” de financiamento. Como alternativa e novo produto de mercado, a implantação de usinas de geração de energia fotovoltaica permitem a opção de fornecer energia contratada, por meio de cooperativas de energia para quem não possui viabilidade técnica in loco”, afirma Sandra Pinho Pinherio, sócia fundadora e diretora da Petinelli.

“Em paralelo, a indústria investe pesado em novas tecnologias dos sistemas fotovoltaicos, aumentando a capacidade de geração por área e forma de aplicação, como instalações móveis, que buscam a melhor orientação com o movimento solar ou capacidade de coletar calor por irradiação”, revela a arquiteta.

É importante destacar, que a primeira medida e mais econômica para atingir a autossuficiência energética é utilizar em projeto os preceitos da arquitetura passiva, melhorando o isolamento térmico, ventilação, iluminação natural entre outros aspectos. “Assim, minimiza-se a necessidade de sistemas mecânicos para resfriar ou aquecer o ambiente para o conforto do usuário, feito o correto dimensionamento, complementa-se a necessidade de demanda com a energia gerada de forma renovável. Receita simples!”, explica a arquiteta.

Hoje, ao contrário do que se propaga, já é possível diminuir o custo de obra e ainda aumentar o desempenho energético somente buscando sinergias entre projetos e sistemas projetados. “Temos vários cases nos quais identificamos oportunidades de redução de cargas previstas e consequente redução de investimentos utilizando softwares de última geração de simulação de desempenho” assegura Sandra.

Novas tecnologias

Tecnologias inovadoras também estão surgindo para melhorar a eficiência energética e a captação das fontes renováveis de energia. De acordo com a Scientific American Brasil, a introdução da nanotecnologia com os nanofios têm gerado eficiência recorde de geração. “Outra inovação é na composição das células em camadas de materiais semicondutores diferentes, chamadas células solares de multijunção, que convertem em torno de 43% da energia da luz solar em eletricidade”, aponta a arquiteta e consultora.

A nanotecnologia está sendo aplicada de forma intensiva no desenvolvimento de materiais de construção. “O uso dessa tecnologia nas propriedades térmicas, de absorção ou retenção de calor de diversos materiais da construção, tais como revestimentos, fechamentos, vidros entre outros, melhoram o desempenho térmico e energético das edificações”, observa Sandra Pinheiro. “A tendência com o avanço e produção em massa dessas inovações é ainda baixar o custo de produção e instalação, já que seriam mais leves e menores do que as instalações atuais.”

 Emissão zero de carbono

A intenção do GBC Brasil (Green Building Council – chapter Brasil) é estimular o mercado da construção civil a adotar integralmente a sustentabilidade, eficiência energética e autossuficiência de energia por fontes renováveis. A instituição participa do Programa Global “Advancing Net Zero”, lançado pelo World Green Building Council com o objetivo de contribuir para o cumprimento das metas do acordo da COP 21 (Paris) e de zerar as emissões de carbono na atmosfera oriundas do setor da construção civil até 2050, de forma que todas as novas edificações e grandes reformas se tornem Net Zero a partir de 2030 e 100% dos edifícios se tornem Net Zero até 2050.

“O Brasil, através de sua iniciativa, foi o segundo país a lançar a ferramenta de certificação GBC Brasil Zero Energy para estimular o mercado a aderir às metas globais. No início de 2017, decidimos investir em nossos primeiros pilotos de empreendimentos autossuficientes e, passados doze meses medidos e analisados, o convencimento do mercado é fácil e expressivo, já que zero de consumo é zero, sem questionamentos. Hoje, no Brasil, dos sete edifícios já certificados, cinco são de nossa consultoria e localizados no Paraná e a expectativa é animadora: já temos outros 30 em operação em fase de medição! Comprometidos com as metas globais, além de certificarmos nossos três escritórios LEED Platinum, alcançamos ainda para nossa sede em Curitiba a certificação nacional e também a internacional, nos tornando o primeiro edifício certificado LEED Zero Energy no mundo, lançada em 2018 pelo USGBC.”, revela Sandra Pinho Pinheiro.

Edifícios de alta performance e autossuficientes no Brasil são viáveis técnica e economicamente e já são realidade! Todas as informações sobre a obtenção dessas certificações LEED e GBC Zero Energy para edifícios novos e existentes estão disponíveis no site www.gbcbrasil.org.br.