Especialista aborda os desafios para transformar as cidades. Conversamos com o especialista em Cidades Inteligentes, sócio-diretor do iCities e engenheiro civil, Eduardo Filipe Mazzarolo Marques sobre os desafios e oportunidades de transformar as cidades em mais inteligentes.
A grande reflexão começa a partir do desafio de se diagnosticar corretamente as cidades. Para Eduardo Mazzarolo, cada cidade possui características únicas, regionais ou até mesmo nacionais. As cidades precisam entender em que estágio de inteligência cada uma se encontra, precisam entender seus dados e indicadores, para saber quais medidas devem ser tomadas e em que nível de prioridade. Quais são suas necessidades e dores mais latentes no momento? Assim, fazer as perguntas certas levará à descoberta de qual estágio a cidade se encontra e o que ela precisa fazer para se tornar uma cidade inteligente.
Mas o que possibilita que uma cidade seja chamada de inteligente?
Para Eduardo, é importante ter um comparativo externo, nacional e internacional, para conhecimento do que é possível, porém, o mais importante é que a cidade possa comparar seus próprios indicadores de desenvolvimento.
Ele elenca alguns aspectos comuns entre as cidades mais inteligentes do Brasil e do mundo: posicionamento único e coeso, vocações econômicas bem definidas, boa economia, espaços públicos atraentes, principalmente para andar a pé, qualidade de serviços públicos, uso de tecnologia para garantir eficiência, apelo turístico, ser amigável ao meio ambiente.
São cidades que atraem oportunidades de mais desenvolvimento devido ao talento de seus principais ativos. E são esses talentos que atraem mais empresas, que movimentam a economia e criam um ciclo virtuoso.
“No Brasil, a maior parte das cidades carece de infraestrutura. O grande desafio, portanto, é construir uma melhor infraestrutura de base, para que muitas tecnologias possam ser aplicadas de forma mais efetiva. Outro grande desafio é a cultura e educação, pois são princípios básicos de uma cidade Smart.” afirma Eduardo.
Muitas tecnologias podem começar a ser usadas sem nenhuma infraestrutura, mas exigem capacitação e conhecimento por parte dos gestores públicos, bem como a participação cidadã, de empresas, universidades e associações como agentes no processo de transformação, especialmente para que os projetos não acabem quando há mudança nas gestões.
O especialista defende ainda o papel das pessoas para o desenvolvimento das Smart Cities. “Cada um tem um papel específico e um papel genérico, como cidadão. Assim, além dos cidadãos (usuários da infraestrutura e dos serviços que a cidade oferece), estamos falando de gestores públicos, empreendedores e empresários, funcionários, autônomos, acadêmicos, membros de organizações sociais, etc. Para que a cidade possa funcionar bem, as pessoas precisam desempenhar o seu papel dentro da comunidade que se chama cidade, como se fosse a extensão de suas casas e de suas famílias.” Ainda, ele ressalta que, a participação cidadã, juntamente com empresas e governos, é essencial para que novos projetos possam sair do papel e se manter ao longo de diferentes gestões públicas.
O executivo do iCities trabalha para tornar cidades ainda mais inteligentes, humanas, sustentáveis e resilientes. “Utilizamos eventos estratégicos, promoção de conteúdo, desenvolvimento de projetos e articulação público-privada, fomentamos esse mercado e criamos melhores condições para que os projetos de cidades inteligentes saiam do papel e possam ser experimentados pela sociedade”, diz. “Quando temos cidadãos mais satisfeitos e cidades mais humanas e sustentáveis, temos por consequência um mundo melhor.