A COVID-19 é uma realidade, e irá provocar profundas mudanças em nosso atual modo de vida, colocando à nossa frente um futuro ainda incerto, o que podemos predizer com relativa certeza é que nada mais será como antes, ainda vai levar um tempo de um a dois anos até termos uma vacina e tratamentos comprovadamente eficazes. Como engenheiro eletricista, trabalhando com eficiência energética, inovação e transformação digital na EIDEE Energia, gostaria de compartilhar um pouco da nossa visão pós COVID-19, onde deveremos aprender com a crise e superar os obstáculos que já estão interpostos.
- Precisaremos manter e gerar empregos sustentáveis.
Quando digo sustentável, é porque nos demos conta da fragilidade de nossa economia baseada em combustíveis fósseis e endividamento. Nossa aposta é a criação de empregos em energias renováveis e eficiência energética, capazes de propiciar maior economia ao usuário, e empregos com longevidade, pois as energias renováveis proporcionam longos ciclos de investimento, operação e manutenção, além de poderem gerar empregos de forma geograficamente dispersa, levando desenvolvimento a todas as regiões, de acordo com sua fonte natural de energia.
- Redução de custos
Teremos a necessidade de reduzir custos, sem gerar desemprego, para gerar caixa que poderá ser utilizado para mover os ciclos de investimento. Sem investimentos de longo prazo não há geração massiva de empregos e não poderemos almejar sair da crise.
- Novos modelos de incentivos fiscais
A eficiência energética e as energias renováveis precisarão de novos incentivos capazes de alavancar quantidades massivas de recursos, como o faz o FGTS na construção civil, ou a isenção de imposto de renda para a inovação, pesquisa e desenvolvimento, mesmo com a possibilidade de acúmulo de prejuízo fiscal por alguns anos. Faria todo o sentido, isenção de impostos federais, estaduais e municipais, ainda que parcial, para estímulos à eficiência energética e energias renováveis, o que levaria milhares de pessoas e empresas a alancar seus investimentos, reduzir seus gastos, melhorar seus indicadores de produtividade e principalmente, gerar milhares de novos empregos.
- Novos modelos de investimento
As ações emergenciais do governo ainda estão muito focadas em financiar os gastos, é preciso repensarmos a forma como investimos no longo prazo. Deveríamos estar pensando em estruturarmos uma previdência com lastro, através de fundos de previdência com regime de capitalização, que por sua vez seriam grandes financiadores de projetos energéticos sustentáveis.
- Digitalização
Tivemos que catalisar a digitalização a fórceps, e conseguimos anos de avanço, ainda que não todos estivessem preparados para isso. Nos reinventaremos, como pessoas e como empresas, através de processos cada vez mais digitais, encurtando as distâncias e aumentando a produtividade e a capacidade de gerar riqueza.
- Novos modelos de transporte
Precisaremos de novos modais de transporte. A eletrificação do transporte e novos modelos de negócio como compartilhamento, aplicativos, etc. é uma realidade em vários locais do mundo. Com toda a questão de se evitar aglomerações, a atomização do transporte será uma realidade e para isso, precisaremos de diferentes modais, mais acessíveis e com mais inteligência digital para a sua gestão e operação.
Toda crise é sinônimo de oportunidades para quem tiver visão e estiver preparado. Mais do que nunca, a solução virá acompanhada da sustentabilidade, inovação e digitalização. Criar valor nessas áreas passa a ser fundamental para sairmos da crise e recuperarmos a capacidade de crescimento e geração de riqueza. Uma coisa é certa, todos nós sairemos dela mais fortalecidos e transformados com a mudança que está diante de nós.
Sobre Cláudio Dantas:
Possui graduação em Engenharia Industrial Elétrica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (1993), Mestrado em Tecnologia e Inovação pela Université de Technologie de Compiègne (1995), MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (2010), especialização em Administração Industrial pela Universidade Federal do Paraná (1996) e especialização em Redes de Computadores e Teleinformática pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2001). Foi diretor da empresa ARTECHE MEDICIÓN Y TECNOLOGÍA S.A. DE C.V., México (2006/2007), Smart Grid Expert na SCHNEIDER ELECTRIC e possui experiência nas áreas de Engenharia Elétrica, com ênfase em Medição, Controle, Automação e Proteção de Sistemas Elétricos de Potência, atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, smart grid, eficiência energética, proteção, controle, medição, regulação e automação de sistemas elétricos para a geração, transmissão e distribuição de energia. Atualmente atua como CEO na EIDEE Energia criando e implementando projetos cleantech para Eficiência Energética, Transformação Digital e Inovação. É membro do CIGRÉ – Conseil International des Grands Réseaux Électriques e participante do grupo de estudos CE-C6 de Geração Distribuída.
Texto enviado por: Cláudio Dantas