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Sustentabilidade: muito mais do que uma tendência de mercado

Sustentabilidade: muito mais do que uma tendência de mercado

“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”. William Blake era um romântico incurável, e escreveu isso durante um importante período da história, o Iluminismo. O mundo era muito diferente do que é hoje, e ao mesmo tempo, muito parecido. Gosto de pensar que estamos, atualmente, atravessando um período de diferentes conceitos de progresso. No passado, isso significava rejeitar práticas ultrapassadas, e ensaiar sobre um possível mundo novo. Não é nenhuma surpresa que o autor de “Admirável Mundo Novo” fosse fã de Blake, mas acredito em um futuro muito diferente da distopia criada por ele.

Sustentabilidade 360º

Sustentabilidade. Palavra que ingressou em nosso vocabulário cotidiano, e em nossas vidas, é tida por muitos como uma “tendência de mercado”. Contudo, podemos vê-la como uma necessidade para a construção de um mundo que perdurará por gerações. Pessoalmente, quando penso nesse conceito, penso em eficiência. O planeta, embora virtualmente infinito em sua imensidão, é bastante finito em seus recursos, e como nós os aproveitamos ditará também quanto tempo teremos para aproveitar nossa própria existência.

Há cerca de um mês, cientistas da Penn State University declararam terem desenvolvido um equipamento portátil, capaz de transformar calor perdido em energia elétrica, limpa e renovável. Por que isso é surpreendente? Imaginemos o condensador de um equipamento de ar-condicionado doméstico. Esse equipamento é responsável por gelar o líquido refrigerador que ao passar pelo condicionador dentro da sua casa, resfria o ambiente, ao mesmo tempo que aquece a condensadora externa. E se pudéssemos aproveitar todo o calor dissipado?

Visualize um edifício comercial com suas centenas de unidades, cada uma capaz de gerar energia elétrica proveniente de uma troca térmica que simplesmente se dissiparia no ar. Mas, calma, isso pode ficar ainda mais impressionante. Ano passado, cientistas da TU Wien (Viena) descobriram um compósito com o dobro da capacidade de transferência de energia possíveis até então. Em um futuro talvez não tão distante, a construção civil poderá utilizar materiais dentro das paredes que transformarão a diferença de temperatura interna e externa em energia para abastecer as luzes da casa.

Trabalho Sustentável

Se paredes sustentáveis do futuro parecem um conceito distante demais, usemos o trabalho remoto, então, como exemplo próximo de quase todos os habitantes do “admirável mundo novo” pós-covid. Nele, foram necessários encurtamentos de distâncias, literais e metafóricas, para maximizar a produtividade dos envolvidos através de esforços cirurgicamente selecionados. A baixa mobilidade física sendo atenuada pela expansão da capacidade digital, por assim dizer.

Despende-se menos “energia” para que sejam atingidos resultados iguais ou, quando tudo é devidamente conduzido, até mesmo superiores àqueles conseguidos no ambiente do escritório.

Trabalhadores de algumas décadas atrás sequer sonhavam com jornadas de trabalho sem engarrafamento (investimento em forma de tempo, de automóveis e a infraestrutura que os acompanha, assim como combustível, estresse e desgaste mental), reuniões presenciais demasiadamente longas ou sem foco (mais uma boa dose de desgaste e tempo investidos, mesmo dentro do próprio escritório) e um número enorme de atritos que comprometiam a fluidez da rotina. Tudo isso pode, sim, muito bem ser resolvido com a ajuda do trabalho remoto, de equipes terceirizadas de maneira inteligente e moderna, equipadas de ferramentas, metodologias, softwares, aplicativos e plataformas criadas ou lapidadas justamente para que tudo isso ocorra com eficiência invejável.

As peças, novamente literais e metafóricas, podem se mover e encaixar de maneira mais eficiente, ecológica e independente. Ou seja: mais sustentável. Viu só como essa palavrinha está em tudo?

Admirável Mundo Novo 2.0

Isso me faz pensar na citação com que abrimos o texto. Se a forma como enxergamos a realidade depende de quão limpa está nossa percepção, acredito que este futuro depende do quão limpa é a energia que utilizamos, e o que quão preciso é o trabalho realizado na jornada para que ele seja construído.

Se a pandemia nos lembrou que estamos, afinal, extremamente conectados e próximos, talvez esta seja a deixa perfeita para também ressignificarmos a forma como trabalhamos e produzimos, sempre em paralelo com o desenvolvimento de tecnologias que nos permitem gerar energia renovável de maneira inteligente, utilizando desde o movimento das águas e ventos, até mesmo as trocas térmicas constantes, nas quais sequer pensávamos até então.

Esta combinação de avanço técnico e humano pode ser a chave para continuarmos vivendo em um mundo verdadeiramente infinito.

Sobre o autor:

Douglas Carstens é o Graduado em Administração de Empresas e com uma trajetória profissional de mais de 20 anos voltada ao empreendedorismo, tecnologia e inovação. Douglas é empresário nato e atua como Co-Founder e CCO da Materialize, Board Member da BR Captura, Co-Founder e Board Member da Datatem e Co-Founder da Bytes Holding. Ele vem compartilhar sua opinião a respeito da influência da sustentabilidade no nosso cotidiano e como esse conceito vem sendo incorporado no desenvolvimento tecnológico e no comportamento humano.[/vc_column_text][/vc_column_inner][/vc_row_inner][/vc_column][vc_column width=”1/6″][/vc_column][/vc_row]