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Uma Revolução pela Sustentabilidade

Uma revolução pela Sustentabilidade

Rômulo Sousa Lisboa, Diretor de Desenvolvimento e Qualidade na STCP é nosso especialista convidado, com 30 anos de experiência na execução e gerenciamento de projetos relacionados à área de meio ambiente, geoprocessamento e florestas.

Inspirado no evento Cidadão Global 2021 que ocorreu em 25 de maio de 2021, promovido pelo banco Santander e Valor do Grupo Globo, Rômulo Lisboa traz alguns highlights sobre a necessidade de se mitigar os impactos ambientais, destacando a importância das práticas sustentáveis, critérios ESG (Environmental, Social and Governance) e transição econômica rumo à economia de baixo carbono.

Em sua introdução destacou “Para a efetiva implementação dos critérios ESG, temos que ter e valorizar o conhecimento acumulado. Com este conhecimento planejar de forma adequada as ações necessárias à implementação dos critérios, promover o engajamento de todos os stakeholders nos diversos níveis hierárquicos e de atuação, caso contrário o efetivo compromisso com ESG não ocorrerá nas corporações.

O protagonista do evento foi o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ambientalista Al Gore e segundo ele, o planeta vive ‘’revolução’’ pelo clima. Desde 2006, em seu documentário “Uma verdade inconveniente”, Al Gore vem fazendo esse apelo global sobre a responsabilidade dos nossos atos em relação à sustentabilidade do planeta.

O ambientalista destaca que a “revolução da sustentabilidade” é um caminho sem volta e deve ser intensificada nas próximas décadas, na mesma velocidade da revolução digital. Ainda, ele reforça que o mundo precisa levar a sério o aquecimento global e que a transição para uma economia de baixo carbono pode trazer oportunidades de retomada econômica, incluindo o Brasil. A exemplo disso, Al Gore comenta que ‘’O Brasil pode gerar toda a energia que precisa somente com energia solar, ocupando menos de 0,8% de sua área total’’.

Um outro fato interessante mencionado pelo ex-presidente dos Estados Unidos é de que as pessoas como consumidores começaram a exigir das empresas uma mudança em direção à sustentabilidade. E junto a esse movimento, lideranças corporativas começam a investir em ativos alinhados às premissas ESG. No entanto, Al Gore ressalta que “A meta tem de ser reduzir de fato as emissões, em vez de confiar na compensação de carbono”.

Falando do cenário brasileiro, Al Gore demonstra sua preocupação ao falar do desmatamento da Amazônia e destaca que o PIB pode sofrer uma queda de 17% até 2048, caso o Brasil não adote medidas de combate ao aquecimento global. Apesar do elevado potencial em produção de energia limpa como a energia solar e eólica, que pode compensar as emissões de gases de efeito estufa, apenas em 2020, o Brasil perdeu mais vegetação primária do que qualquer outro país.

Sem dúvida, afirma Rômulo, temos que ter controle sobre os processos de uso dos recursos no Brasil, de forma sustentável e que garanta para a gerações futuras a manutenção desse bem maior. No entanto o dever de casa vale para todos os países, em especial para Europa e América do Norte que já se apropriaram das coberturas vegetais naturais em todo o seu território. As experiências vivenciadas por esses países devem servir de exemplo do que não fazer. Até porque todos devem estar efetivamente dispostos a pagar pela conservação dos bens, independentemente de divisões territoriais.

Além da presença de Al Gore, esse evento contou com a participação de José Roberto Marinho, Vice-presidente do Grupo Globo e Sérgio Rial, Presidente do Santander Brasil e Head do Santander na América do Sul.

José Roberto Marinho afirmou que a sustentabilidade tem de ser associada à educação e informação e que a transformação energética sem precedentes, impulsionada pela economia livre de carbono, demanda aptidões profissionais alinhadas às premissas globais como: Engenheiros que desenvolvam projetos de infraestrutura verde; Biólogos que descubram nas plantas da Caatinga e do Cerrado o que as deixa adaptadas naquele clima de estresse árido; Agrônomos que produzam alimentos sem causar a destruição do solo e rios; Engenheiros Florestais que saibam imitar o que a natureza faz e Economistas que pensem além do PIB.

A importância de nossos profissionais e sua capacidade de adaptação e adequação de seu conhecimento às novas oportunidades foi destacada por Rômulo, principalmente na agregação do conhecimento local (tradicional) sobre diversidade dos recursos e potencial de destinação, em especial a bioeconomia, tema tão debatido atualmente quanto à sua riqueza de produtos não madeireiros oriundos, principalmente da Amazônia.

Já Sérgio Rial destacou que o mercado financeiro está no epicentro da questão climática e que é dever do mercado financeiro estimular o desenvolvimento de tecnologias “escaláveis” de baixo carbono. Ainda, o presidente do Banco Santander destacou que os investimentos e objetivos das empresas privadas estão indo além da obtenção de lucro, ressaltando novos valores da cultura corporativa direcionada a investimentos não financeiros associados à consciência e responsabilidade social e ambiental.

Sérgio Rial reforçou a importância da tecnologia como ferramenta estratégica para mapear nossa biodiversidade e afirmou que o conhecimento local é fundamental em termos de conservação e prosperidade da população regional.

Diante de um cenário de verdadeira revolução pela sustentabilidade do planeta, a Bioeconomia vem ganhando destaque como a nova economia baseada no baixo carbono. E o Brasil, apesar dos desafios, tem grandes oportunidades para liderar esse movimento global rumo ao desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas.

Rômulo comentou que: “Temos hoje, pelo menos, mais de uma centena de projetos em desenvolvimento que contribuem de forma significativa para a economia do Brasil, a exemplo das Cadeias Produtivas do Açaí, Castanha, Cacau, Piscicultura, Erva-Mate, Óleos essenciais (Andiroba, Cumaru) entre outros.”

“Segundo a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) – potencial adicional ao PIB nacional de US$ 53 bilhões por ano, com o mercado verde”

Sobre Rômulo Lisboa:

Rômulo é Engenheiro Florestal, especialista em planejamento e inventário e atualmente Diretor de Desenvolvimento e Qualidade da STCP. Possui 30 anos de experiência na execução e gerenciamento de projetos na área de meio ambiente e florestas, tendo conduzido diversos estudos estratégicos para uma diversidade de empresas e organizações nacionais e estrangeiras relativos a licenciamento ambiental, planejamento da produção, due diligences, prognoses de produção, gestão florestal, inventário florestal, planos de manejo de UCs, avaliação de ativos e estudos de viabilidade e pagamentos por serviços ambientais. Também é responsável pela organização do Fórum Sustentabilidade e Governança em suas  7ª edições ocorridas.